quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Grande vão!

Da leve inclinação do terreno, veio a ideia de uma residência com o pavimento principal em balanço para reservar mais espaço ao lazer, no nível inferior. “Ancorei a casa no declive”, diz o arquiteto paranaense Guilherme Torres. “Assim, liberei o terreno embaixo para o jardim, a piscina e as salas de convivência.” O relevo irregular, com desnível de quase 3 m, foi vencido por um monumental bloco de concreto protendido, que contém cabos de aço de alta resistência tracionados e presos dentro da própria laje. Esse recurso permitiu o vão livre de 17,50 m, além dos 4,50 m em balanço que ultrapassam os limites do lote. Suspensa e sem pilares, a construção traz em suas formas retas, puras e simples os princípios ditados pelo franco-suíço Le Corbusier (1887- 1965), um dos mestres da arquitetura moderna. Em contraste com a alvenaria branca, revestimentos de pedra e madeira têm o poder de aquecer o visual sem romper com o ar contemporâneo da proposta. O funcionamento independente entre os andares foi outra solução acertada. Normalmente, os moradores usam só o térreo, acessado pela rampa lateral da garagem até o hall superior, de onde parte a distribuição para todos os ambientes.
Para dosar a incidência de sol e vento, brises de cumaru fecham a área íntima. A mesma madeira reveste o piso da varanda (continuidade da sala) e do deck em volta da piscina.
Assentados diretamente sobre a argamassa, sem rejunte à mostra, os filetes de pedra-madeira (Pedras Decorativas Monte Belo) parecem estar apenas empilhados no paredão que se estende por toda a fachada. O material dá um toque caloroso ao salão, criado no vazio central entre os dois apoios da construção.
Na entrada secundária, no nível inferior, uma caixa de concreto (4 x 2,25 x 2 m) abriga a porta pivotante de cumaru, ladeada por duas folhas fixas. Da mesma madeira, um caminho se prolonga da calçada até a rua.
Da sala, fechada com painéis de vidro, se avistam a entrada, a piscina e a área da churrasqueira.
Com controle de temperatura regulável, o spa possui entrada e saída de água própria, apesar de estar no mesmo corpo da piscina, revestida de mosaicos de vidro. Fôrmas de madeira de espessuras e larguras diferentes criaram efeito especial na parede de concreto, ao fundo.
O piso dos quartos é de cumaru. A mesma madeira dá corpo às esquadrias das janelas.
No hall, portas de correr de vidro fixado em esquadrias de alumínio controlam a ventilação natural logo atrás do brise.
Integrada ao closet, a sala de banho da suíte do casal traz bancada de mármore piguês e armário de laca e carvalho.
Filetes de pedra-madeira de diferentes espessuras conferem efeito de alto-relevo ao muro externo que apoia a construção. A casa se projeta 4,50 m sobre a calçada da rua de baixo, coberta com grama.
No dia a dia, a vida da família se dá no térreo, onde foram distribuídos a cozinha (acima), as salas de estar e de jantar e os quartos, com acesso a serviço e garagem pela rampa lateral que sai da mesma calçada, paralela à rua onde foi colocada a entrada secundária - mais usada pelos visitantes. Com essa solução, o terreno de quase 1 500 m² ficou praticamente livre para abrigar uma espaçosa área de lazer, com piscina, jardim, churrasqueira e duas generosas salas de estar.

Fonte: casa.abril.com.br

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